sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DANÇA NUPCIAL

Aí está ele,soberbo,a iniciar a dança nupcial.Começa por arrastar a asa.

Uma pequena,e consentida,perseguição.



E o acto.





Depois,bem,depois a dança de sapateado como que a demarcar bem o domínio.




Bem,como está,de facto,algum frio,o Sol acaba de dizer até amanhã,lareira acesa,com as rachas sacadas à força das cunhas de um cavaco velho e ressequido,um chisquito da meia magra da banda,um carolo de pão de farinha integral,amassado e cozido com gosto cá em casa,um copito da costa da terra de meu pai e uma música de Fernando Lopes Graça,tudo,para ajudar a digerir um excelente poema de Armando Silva Carvalho,da sua obra O Amante Japonês,que o querido amigo Cid teve a amabilidade de enviar.


"Já não vejo o som mas só a lama E acelero.Quero atravessar este país depressa Antes da morte.Já não oiço a luz mas só o sono E travo Contigo, com os teus freios cansados E as tuas jantes tortas.Sigo esta pista de silêncio E arrabalde de velhos.Arrastamos connosco a história cega E acrobata deste tempo.Chamo a tudo isto uma gincana Nas traseiras da Europa Já não viajamos, vamos em ponto morto E a meta é ali Desperta.".

Diz-se que o frio mata os ratos,sim,aqueles que tanto mal fazem às culturas.



mário




5 comentários:

  1. Do arrastar da asa à queima do cavaco velho e ressequido mais Fernando Lopes Graça entre outros mimos...enfim boa mistura à lareira!

    Abraço

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  2. Este post contém o paraíso almejado. O chisquito, o copo, o lazer, o campo e a poesia.
    Felicidade completa, Mário.
    Os meus parabéns.

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  3. Belíssimo!
    Aconchegante, quer pelos sabores e odores à lareira, quer pelas palavras escolhidas.

    L.B

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  4. Temos tudo o que é necessário para viver em harmonia. E não exigimos muito... o pão e um copito a poesia e a música. Mas há as ratazanas que proliferam roendo-nos o pão e o juízo.
    No sábado 11 lá estaremos com o veneno que merecem.

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